sexta-feira, 8 de maio de 2015

HOMILIA DO VI DOMINGO DA PÁSCOA DO ANO B DIA 10/05/2015.
PRIMEIRA LEITURA 10, 25-26.34-35.44-48.
SALMA 97.
SEGUNDA LEITURA 1ªJOÃO4,7-10.
EVANGELHO João 15,9-17

Para bem compreender esta Palavra de Deus que acabamos de escutar, é necessário recordar o Evangelho de domingo passado. Estamos ainda no capítulo 15 de São João: aí Jesus revelou-se como a videira verdadeira, cujo agricultor é o Pai e cujos ramos somos nós. Estamos enxertados no Cristo morto e ressuscitado; somos ramos seus, vivendo da sua seiva que é o Espírito Santo, “Senhor que dá a vida”, Espírito de amor derramado em nossos corações (cf. Rm. 5,5). Porque temos o Espírito do Cristo, vivemos do Cristo e, no Espírito, o próprio Cristo Jesus habita em nós e nos vivifica. Recordando essas coisas, podemos compreender o que o Senhor nos fala neste Domingo. Vejamos. “Como o Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor”. De que amor o Senhor nos fala aqui? De um sentimento, de um afeto, de uma simpatia, de uma amizade? Não! De que amor? Olha o que diz  São Paulo: “O amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm. 5,5). O amor de que fala Jesus é o amor-caridade, o amor de Deus, o amor que é fruto da presença do Espírito de amor, o Espírito Santo. Coloquem isso na cabeça e no coração: na Escritura, falar de amor, de glória, de presença e de poder de Deus é falar do Espírito Santo! Agora então podemos compreender a profunda afirmação de Jesus: “Como o Pai me amou, assim também eu vos amei”. Como o Pai amou o Filho? No Espírito de amor! Desde a eternidade, o Santo Espírito é o laço, o vínculo de amor que une o Pai e o Filho numa única e indissolúvel divindade. Na sua vida humana, Jesus foi sempre amado pelo Pai no Santo Espírito. Basta recordar quando o Pai derrama sobre ele o Espírito, no Jordão, exclamando: “Este é o meu Filho amado, em quem eu me comprazo” (Mt. 3,17). Eis: o Pai declara o seu infinito amor pelo Filho, derramando sobre ele, feito homem, seu Espírito de amor. Jesus é o Filho amado porque nele repousa o Espírito Santo! Pois bem, escutemos: “Como o Pai me amou, eu também vos amei! Dei-vos o meu Espírito de Amor, que agora habita em vós! Permanecei no meu amor, isto é, deixai-vos guiar pelo meu Espírito de amor, vivei no meu Espírito! Vejamos, irmãos, como agora tudo tem sentido, como as palavras de Jesus são profundas! Vede como tudo isso é verdadeiro! Escutai ainda uma palavra da Escritura: “Nisto reconhecemos que permanecemos nele e ele em nós: ele nos deu o seu Espírito!” (1Jo 4,13). E qual é o sinal de que temos e vivemos no Espírito? Que frutos de amor o Espírito de Amor, nos dá se permanecendo nele? O primeiro é cumprir os mandamentos: “Se guardardes os meus mandamentos, é porque permanecereis no meu amor. É experimentando o amor de Jesus, vivendo na doçura do seu Espírito, que podemos compreender a sabedoria dos preceitos do Evangelho e teremos a força e a doçura para cumpri-los. Como o mundo não conhece nem tem o Espírito Santo de amor, não pode compreender nem gostar dos preceitos do Senhor! Por isso esse choque entre o que a Igreja propõe em nome de Cristo para a nossa vida moral e aquilo que o mundo propõe! Aborto, eutanásia, etc. Há um abismo entre o sentir do mundo e o sentir do cristão. Somente o cristão, sustentado pelo Santo Espírito de Amor, pode compreender que os mandamentos do Senhor não são pesados, mesmo quando nos parecem difíceis! É o Espírito de Jesus que, habitando em nós, nos faz permanecer em Jesus e ter prazer e força no cumprimento da sua santa vontade. Mas, há ainda outro fruto, outro sinal da presença do Espírito em nós: a alegria interior, mesmo em meio as dificuldades, lutas e provações da vida. “Eu vos disse isso, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena”. Onde o Espírito de Jesus ressuscitado está presente, a alegria triunfa, porque a morte, a treva, o pecado foram vencidos. Por isso mesmo, o cristão, ainda que entre provações e dificuldades, poderá sempre manter uma profunda alegria interior a alegria do Cristo ressuscitado, fruto da presença do Santo Espírito! Ainda um último sinal dessa doce presença do Espírito do Ressuscitado em nós: o amor fraterno. “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei!” Jesus nos amou até entregar toda a sua vida por nós, como remissão pelos nossos pecados. Jesus aos nos dar , o seu Espírito de amor, ele nos dá as condições e a graça para amar assim, como ele ama. Isso é tão forte, que a segunda leitura de hoje nos desafia: “Quem não ama, não chegou a conhecer a Deus, porque Deus é amor. “Todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus”. Ainda uma vez mais, meus irmãos, é no Espírito de Amor que podemos nascer de Deus no Batismo, é no Espírito de Amor que podemos conhecer a Deus como Pai e a Jesus como o Filho amado! É o Espírito de Amor que nos reúne, apesar de sermos tão diferentes! Recordai-vos, caríssimos, da primeira leitura: como o Espírito, descendo sobre a família de Cornélio, que era toda pagã, fez com que Pedro, o Chefe da Igreja, aceitasse os primeiros pagãos na Comunidade cristã! Só no dom do Espírito o nosso coração pode ser aberto a todos, como o coração de Cristo! A Palavra de Deus hoje escutada já nos aponta para Pentecostes, daqui a quinze dias... Prestai atenção como o fruto da morte e ressurreição de Jesus é o Dom do seu Espírito, que permanece conosco e torna Jesus presente a nós, vivo e vivificante! Estejamos atentos, todos temos o mesmo Espírito de amor e no amor que é esse Espírito devemos viver e dar frutos que permaneçam. A Igreja não é uma comunidade de amiguinhos simpáticos entre si; não é a reunião de pessoas interessantes e bem relacionadas! Nada disso! Somos a comunidade reunida em nome de Cristo morto e ressuscitado, nascidos no batismo no seu Espírito Santo, Espírito que nos faz amar a Jesus e, por Jesus, o amor aos outros. Assim sendo, sejamos dóceis ao Espírito, permaneçamos em Cristo e arrisquemos viver de amor. 

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

HOMILIA DO 2º DOMINGO DA QUARESMA DO ANO B DIA 1º/03/2015

1ª Leitura Genesis 22,1-2.9-13.15-18.
Salmo 155.
2ª Leitura Romanos 8,31b—34.
Evangelho Marcos 9,2-10.

ESTE É MEU FILHO AMADO!

 Deus pôs Abraão à prova. Exigiu o seu filho único, Isaac, em holocausto. Abraão preparou tudo conforme o Senhor exigiu e conforme o costume, porém no momento exato da sangria do seu filho, houve a interrupção do Pai. Muitas vezes também Deus experimenta a nossa fé, a nossa paciência. Fiquemos atentos, e quando isso acontecer, não nos revoltemos contra Deus. Não ficamos reclamando quando algo nos der errado, ou quando tivermos de atravessar um trecho muito difícil da estrada da nossa vida. Pode ser a vontade do Pai testando a nossa paciência, a nossa fé. "Se Deus é por nós, quem poderá contra nós?"  Se todos vivêssemos esta frase inspiradíssima de Paulo, não estaríamos apavorados no nosso dia a dia, preocupados com o que poderá nos acontecer no momento seguinte. Se um amigo ou uma amiga de fé nos acusa de falta de confiança em Deus, várias são as nossas desculpas. Podemos dizer que confiamos em Deus, mas não podemos confiar nos nossos irmãos desonestos, nas fatalidades da vida, e principalmente nos bandidos soltos em nossa volta.  Outra grande desculpa que podemos dar aos amigos que nos rotulam de ateus, é que o medo faz parte do instinto de auto conservação, que o medo é uma sensação normal, um mecanismo de defesa tanto do homem quanto do animal.  E enquanto isso, os vendedores de seguro, tanto de vida quanto  o seguro residencial (os quais não cobrem os prejuízos das enchentes) ou seguro automobilístico, ou contra incêndio, se aproveitam do nosso medo da morte para ganhar dinheiro. Você já reparou que os noticiários mostram muitas desgraças? Tais como: Invasão de residência, queda de barreiras, incêndios, etc. E Alguns repórteres fazem isso com muito sensacionalismo!... Em seguida, mostram nos comerciais, muita propaganda de alarmes, e seguros de vários tipos? O medo da morte faz muita gente ganhar dinheiro com os famosos Planos de Saúde! Trata-se de ganhar dinheiro em cima da Indústria da morte e do medo. E isso funciona por que a maioria, não deposita sua confiança em Deus. E mesmo entre aqueles que são cristãos, existem muitos que não vivem sem os seguros, alarmes, planos de saúde.  É claro que o medo é proveniente do instinto da sobrevivência, é, portanto, uma reação normal do nosso ser como um todo, reação psicossomática, isto é, tanto o corpo como a mente reage diante de uma ameaça iminente. Porém, se Deus é por nós, quem poderá contra nós?   “Não vos preocupeis com o dia de amanhã”... São lembretes que reavivam a fé. Eles nos lembram de que somos filhos de Deus, o todo poderoso, e se estamos vivendo na sua amizade, poderemos contar com a sua proteção.  Até podemos contratar um seguro, colocar um alarme, só para garantir. Mas tudo isso sem a proteção de Deus, não significa nada!... Medo é normal até certo ponto. O medo descontrolado, é sinal de pouca fé, é sinal de quem se afastou um pouco ou muito de Deus e diante do perigo se apavora por não se considerar mais digno (a) da mão poderosa e protetora do Pai. Quando a nossa fé balança, o medo aumenta. Na tempestade Jesus disse aos discípulos e diz: “Por que vocês têm medo? Ainda não têm fé?”.  A nossa fé não fica parada, ela não é estável não é a mesma sempre. O gráfico da nossa fé sobe e desce. Dependendo da influência dos amigos com os quais estamos vivendo nas diversas fases da nossa caminhada. Ela é como uma planta: ou cresce ou enfraquece e morre. E o sinal de que ela está crescendo é a nossa reação forte diante dos horrores da vida. Quando a nossa fé vai bem, ficamos inabaláveis até diante da morte. O termômetro da nossa fé é a coragem e a força com que ultrapassamos os obstáculos.  Irmãos. Vamos confiar mais em Deus, vamos entregar a nossa vida nas mãos de Deus! Amém!

EVANGELHO -  Na verdade, a transfiguração de Jesus diante dos apóstolos: Pedro Tiago e João foram uma pequena amostra do que iria acontecer com Ele depois da sua ressurreição. Foi uma amostra, um  antegozo da sua volta à vida.  Peçamos ao Pai que nos purifique e nos dê tudo o que precisamos para transfigurar este mundo através do anúncio da sua palavra, enquanto é tempo. Pois o Anticristo já se encontra  no nosso meio e está agindo numa velocidade crescente e muito assustadora, cuja ação amedronta a todos os quais se calam para continuar vivos. O Anticristo invade os nossos lares, através dos nossos jovens dopados e hipnotizados. Ele está transfigurando a humanidade para pior, está transfigurando-a negativamente.  Irmãos e irmãs. A transfiguração foi mais uma das muitas demonstrações de poder de Jesus Cristo. Somente com o poder de Jesus é que podemos continuar a sua missão. A luz de Cristo nos vem por meio da sua palavra assimilada por nós, e que nos faz resplandecentes, nos faz refratar  o brilho do rosto de Jesus o ressuscitado, onde quer que passamos, e principalmente onde nós anunciamos esta Luz por meio de palavras, frases e pelo testemunho.  Que o brilho do rosto transformado de Jesus nos transforme para que possamos transformar as mentes dos nossos irmãos, para que iluminados por Jesus transfigurado, nós possamos iluminar o mundo. Porque na transfiguração, o mistério do Filho de Deus e de sua missão, foi comunicado aos seus continuadores, e também a nós seus, herdeiros dessa missão,  desse trabalho santo, que consiste em dar sequência ao trabalho dos apóstolos.  Jesus foi acusado de impostor, acusado de blasfemar ao se apresentar como o Filho de Deus. E mais. Também foi acusado de possesso ao expulsar os demônios, de impuro ao tocar o leproso e de estar louco. E o pior, essa última acusação foi feita pelos próprios familiares! Mas na transfiguração, Jesus mostra só um pouquinho, o que Ele realmente é. E como Jesus não veio ao mundo para aparecer por aparecer, não estava interessado em dar um show, em se mostrar para uma multidão, e por isso Ele transfigurou-se apenas para três dos seus discípulos.  Isto porque Jesus não é como alguns de nós, que não vê a hora de aparecer diante de todos da assembleia reunida em nome de Cristo.   A transfiguração, portanto, é um prenúncio da vitória do Filho de Deus sobre os seus inimigos, sobre a morte. Que o brilho do rosto transfigurado de Jesus nos ilumine o bastante para que possamos contribuir para um mundo melhor, um mundo mudado. 

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

HOMILIA DO 1º DOMINGO DA QUARESMA DO ANO B DIA 22/02/15


1ª Leitura Genesis 9,8-15.
Salmo 24.
Segunda Leitura 1Pedro 3,18-22.
Evangelho Marcos 1/12-15

JESUS NO DESERTO.

O Espírito de Deus levou Jesus ao deserto e ali Ele foi tentado por Satanás. Também nós temos de conviver, e de nos defender de tantas tentações que se nos apresentam no nosso dia a dia.  Estamos iniciando, os sagrados dias da Quaresma: dias de oração, penitência, esmola, combate aos vícios e leitura espiritual. Esses dias tão intensos nos preparam para as alegrias da Páscoa do Senhor. Estejamos atentos, pois não celebrará bem a Páscoa da Ressurreição quem não aproveitar bem este tempo quaresmal. A Palavra que o Senhor nos dirige já neste primeiro domingo é uma séria advertência neste sentido. A leitura do Gênesis nos mostrou como Deus é cheio de boas intenções e bons sentimentos em relação a nós: depois de haver lavado todo pecado da terra pelo dilúvio, misericordiosamente, o Senhor nosso Deus fez aliança com toda a humanidade e com todas as criaturas: “Eis que vou estabelecer minha aliança convosco e com todos os seres vivos! Nunca mais criatura alguma será exterminada pelas águas do dilúvio.” E, de modo poético, comovente, o Senhor colocou no céu o seu arco, o arco-íris, como sinal de paz, de ponte que liga a criatura ao Criador: “Ponho meu arco nas nuvens, como sinal de aliança entre mim e a terra!” Com esta imagem tão sugestiva, a Escritura Sagrada nos diz que os pensamentos do Senhor em relação a nós são de paz e salvação. Podemos rezar como o Salmista: “Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos; sois o Deus da minha salvação! Recordai, Senhor, meu Deus, vossa ternura e a vossa salvação, que são eternas! O Senhor é piedade e retidão, e reconduz ao bom caminho os pecadores!” Ora, se já a aliança após o dilúvio revelava a benignidade do coração de Deus, é em Cristo que tal bondade, tal misericórdia, tal compaixão se nos revelam totalmente: “Cristo morreu, uma vez por todas, por causa dos pecados, o justo pelos injustos, a fim de nos conduzir a Deus!” Não é este Mistério tão grande que vamos celebrar na Santa Páscoa? Nosso Senhor, morto na sua natureza humana, isto é, morto na carne, foi justificado, ressuscitado pelo Pai no Espírito Santo para nos dar a salvação definitiva, selando conosco a aliança eterna, da qual aquela de Noé era apenas uma prefiguração. Deus nos salvou em Cristo, dando-nos o seu Espírito Santo, recebido por nós nas águas do Batismo, que purificam mais que aquelas outras, do dilúvio! Nunca esqueçamos: fomos lavados, purificados, gerados de novo, no santo Batismo. Somos membros do povo da aliança nova e eterna, somos uma humanidade nova, nascida “não da vontade do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1,12). Somos o povo santo de Deus, povo resgatado pelo sangue de Cristo, povo que vive no Espírito Santo que o Ressuscitado derramou sobre nós. Uma grande miséria dos cristãos de nossos é terem perdido a consciência que somos um povo sagrado, vivendo entre os outros povos do mundo. Brasileiros, argentinos, mexicanos, europeus, asiáticos, africanos... não importa: aqueles que creem em Cristo e nele foram batizados, são a sua Igreja, são o povo santo de Deus, congregado no Corpo do Senhor Jesus, para formar um só templo santo no Espírito de Cristo! Somos um povo que vive entre os pagãos, um povo que vive espalhado por toda a terra, Igreja dispersa pelo mundo inteiro, que deve viver no mundo sem ser do mundo! A nossa miséria está em querermos ser como todo mundo, viver como todo mundo, pensar e agir como todo mundo. Isso é trair a nossa vocação de povo sagrado, povo sacerdotal, povo que deve com a vida e a boca cantar as maravilhas daquele que nos chamou das trevas para a sua luz admirável! (cf. 2Pd. 2,9) Convertamo-nos! Sejamos dignos da nossa vocação!  Eis o tempo da Quaresma! Somos convidados nestes dias a retomar a consciência de ser este povo santo. E como fazê-lo? Como Jesus, o Santo de Deus, que passou quarenta dias no deserto em combate espiritual, sendo tentado por Satanás. A Quaresma é um tempo de deserto, de provação, de combate espiritual contra Satanás, o Pai da mentira, o enganador da humanidade. Sem combate não há vitória e não há vida cristã de verdade! A Igreja tem as armas para o combate: a oração, a penitência e a esmola. A Igreja nos pede neste tempo, que combatamos nossos vícios com mais atenção e empenho; a Igreja nos recomenda a leitura da Sagrada Escritura e de livros edificantes, que fortaleçam o nosso coração. Deixemos a preguiça, cuidemos do combate espiritual! Que cada um programe o que fazer a mais de oração. Há tantas possibilidades: rezar um salmo todos os dias, rezar todo o saltério ao longo da Quaresma, rezar a via-sacra as quartas e sextas-feiras. Quanto à penitência, não enganemos o Senhor! Que cada um tire generosamente algo da comida durante todos os dias da Quaresma (exceto aos domingos); que se abstenha da carne às sextas-feiras, como sempre pediu a tradição da Igreja, que tire também algo das conversas inúteis, dos pensamentos levianos, dos programas de TV tão nocivos à saúde da alma! E a esmola, isto é, a caridade fraterna? Há tanto que se pode fazer: acolher melhor quem bate à nossa porta aproximar-nos de quem necessita de nossa ajuda, reconciliar com aqueles de quem nos afastamos visitar os doentes e presos... No Brasil, a Igreja apresenta  um tema e uma direção comunitária à caridade fraterna, com a Campanha da Fraternidade. Assim, os Bispos pedem que, neste ano, nossa caridade comunitária esteja atenta ao problema da segurança pública e suas causas. Que nós estejamos mais atentos aos problemas ligados à segurança, recordando sempre que a paz verdadeira e duradoura é fruto da justiça: justiça como obediência ao Senhor Deus e justiça como reto comportamento em relação ao próximo, que significa respeito pela dignidade do outro, espírito de partilha e de solidariedade que socorre nas necessidades. Quanto ao combate dos vícios, que cada um veja um vício dominante e cuida de combatê-lo com afinco nesses dias! Escolha também uma leitura espiritual para o tempo quaresmal, leitura que alimente a mente e o coração. Esta leitura, mais que um estudo, deve ser uma oração, um tranquilidade para o coração, uma leitura edificante, que nos faça tomar mais gosto pelas coisas de Deus... Vamos! Deixemos a preguiça, caminhemos para a nossa salvação! Finalmente, que ninguém esqueça a confissão sacramental, para celebrar dignamente a Páscoa sagrada. Se alguém não puder se confessar por se encontrar em situação irregular perante Cristo e a Igreja, que não se sinta excluído! Procure o sacerdote para uma direção espiritual, uma revisão de vida e peça uma bênção, que, certamente, não lhe será negada. Não é a confissão, não permite o acesso à comunhão sacramental, mas é também um modo medicinal de aliviar o coração e ajudar no caminho do Senhor!

O importante, em Cristo, é que ninguém fique indiferente a mais essa oportunidade que a misericórdia do Senhor nos concede! Notem que somente depois do combate no deserto é que Jesus nosso Senhor saiu para anunciar a Boa Nova do Reino. Também cada um de nós e a Igreja como um todo, somos capazes de testemunhar o Reino que Cristo nos trouxe se tiver a coragem de enfrentar o deserto interior e combater o combate da fé! Não recebamos em vão a graça de Deus! Que ele, na sua imensa misericórdia, nos conceda uma santa Quaresma!

sábado, 14 de fevereiro de 2015

HOMILIA DO VI DOMINGO TEMPO COMUM DO ANO B DIA 15/02/2015.

A LITURGIA DE HOJE CONFIRMA NOSSA FÉ NA PROVIDÊNCIA E NA AÇÃO COMPASSIVA DE DEUS.
Primeira leitura 2ª Reis 5,9-14.
Salmo 31(32).
Segunda leitura 1º Corintios 10,31-11,1.
Evangelho 1,40-45.
A cura do leproso
Naquele tempo, curar um leproso era como ressuscitar um morto. Porque na mentalidade de todos, um leproso já era uma pessoa condenada a morte, já estava, portanto morto, ser leproso era o mesmo que já está morto. Para nos guiar na meditação da Palavra de Deus deste Domingo, tomemos o Evangelho que acabamos de ouvir. “Um leproso chegou perto de Jesus”. No tempo de Cristo, toda doença na pele que oferecesse perigo de contágio era considerada um tipo de lepra; tornava a pessoa impura. Ouvimos na primeira leitura: “O homem atingido por esse mal andará com as vestes rasgadas, os cabelos em desordem e a barba coberta, gritando: ‘Impuro! Impuro! Durante todo o tempo em que estiver leproso será impuro; e, sendo impuro, deve ficar isolado e morar fora do acampamento”. Alguém assim que se aproxima de Jesus: ferido, excluído do convívio da Assembléia de Israel, colocado fora da Cidade, um morto-vivo... Um leproso não podia tocar as pessoas: elas se tornariam impuras como ele; um leproso não convivia com sua família, não podia entrar na Casa do Senhor prá rezar com seus irmãos: era um Zé ninguém: “Impuro! Impuro!” – ele gritava, com a barba coberta em sinal de luto e profunda tristeza... É um homem assim que se aproxima de Jesus; tem a ousadia de chegar junto dele, sem medo de ser repelido, repreendido, desprezado. E, do fundo de sua miséria, ele suplica: “Se queres, tens o poder de curar-me”. Quanta confiança, quanta esperança! Que oração brotada do mais profundo da dor! O que fará Jesus? Sua reação é absolutamente inesperada: ele faz algo que a Lei proibia: “Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: ‘Eu quero: fica curado!” Notai irmãos! O Senhor estendeu a mão, o Senhor tocou o leproso! Não precisava fazê-lo, não deveria fazê-lo! Segundo a Lei, Jesus deveria ficar impuro também, ao menos até o entardecer... Por que tocou o leproso! Não poderia tê-lo curado sem tocá-lo? O próprio Evangelho explica: ele teve compaixão! Quis estar próximo daquele miserável, quis que ele se sentisse amado, acolhido! Jesus não nos ama de longe, não vê de modo indiferente a nossa miséria: ele se faz próximo, ele nos toca, ele compartilha nossa dor! Assim Deus faz conosco! E, para nossa surpresa, ao invés da impureza contagiar Jesus, é Jesus que contagia o leproso com a sua pureza! O Reino chegou: em Jesus, Deus vai libertando a humanidade de toda sua lepra, da lepra do seu pecado! Na ação de Jesus, compreendemos que o amor é mais forte que o egoísmo, que a luz é mais forte que a treva, que o bem é mais forte que o mal, que a graça é mais poderosa que o pecado, que a vida é capaz de vencer a morte! “No mesmo instante a lepra desapareceu e ele ficou curado”. Eis o bem, eis a graça, eis a salvação que o Senhor nos veio trazer! O profeta Isaías, havia anunciado: “Ele tomou sobre si as nossas dores, ele carregou nos ombros os nossos pecados! Eram nossas enfermidades que ele levava sobre si, as nossas dores que ele carregava (Is. 53,4-5). Jesus curou o leproso e o Evangelho diz que ele “não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, nos lugares desertos.” Vede bem que, com essa linguagem, o Evangelho deseja afirmar que Cristo, curando o leproso, assumiu o seu lugar: agora, o homem que antes vivia nos lugares desertos, entra na cidade, volta a ser alguém; quanto a Jesus, fica fora, assume o lugar do homem: tomou sobre si as nossas dores! Um grande mal da nossa época, uma grande ilusão, é achar que não temos pecado, pensar que somos maduros e integrados. Não somos capazes de reconhecer nossas lepras, somos incapazes de suplicar, temos medo de ajoelharmos diante do Senhor, o Senhor da cura: “Senhor, se queres, podes curar-me”! E por que isso? Porque somos autossuficientes: olhamo-nos, examinamo-nos não à luz do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus, mas à luz de nós mesmos. Pensamos que somos senhores do bem e do mal, do certo e do errado! É tão comum vivermos de modo contrário à vontade do Senhor e ainda, cheios de orgulho e soberba, dizermos que estamos certos... É tão comum querermos moldar Jesus e a sua Palavra nosso bem querer... É tão freqüente a ilusão que podemos jogar de lado os ensinamentos da Igreja, sobretudo no campo moral... E assim, vamos construindo nossa vidinha do nosso modo, modo de pecador, modo de leproso, modo de doente: doença da ida sem desejo de volotar, da descrença, da indiferença, da falta de fé! Reconheçamo-nos pecadores! Mostremos ao Senhor a nossa lepra. Mas de que forma? Primeiramente, deixando que sua Palavra nos fale e nos mostre nossos erros, nossas manhas, nossos males. Depois, à luz da Palavra do Senhor, façamos, com frequência, o sincero exame de consciência e tenhamos a  coragem de olhar de frente o que pensamos, falamos e fazemos contrário ao Senhor. Sinceramente arrependidos, procuremos o Senhor no sacramento da Confissão e, confessando nossos pecados, busquemos o perdão, a cura de Cristo, nosso Deus. Quantas vezes evitamos a Confissão! Quantas vezes fugimos da Confissão, desobedecendo às normas da Igreja, que só a buscamos quando não suportamos mais o peso de nossa consciência. Somos autossuficientes. Deveríamos aprender do Salmista, na missa de hoje: “Eu confessei, afinal, meu pecado, e minha falta vos fiz conhecer. Disse: ‘Eu irei confessar meu pecado’! E perdoastes, Senhor, minha falta!” Mas, não! Teimamos em não levar a sério nosso próprio pecado! Julgamo-nos juízes de Deus e da Igreja! Terminamos, então por comungar indignamente, esquecendo que a Eucaristia, traz vida para quem a recebe bem, traz também morte para quem não a recebe com as devidas disposições... Chega de um cristianismo morno, chega da falta de coragem de nos olharmos de frente! Senhor, cura-nos! Senhor, somos leprosos, somos pecadores, nossos pecados mancham não a nossa pele, mas o nosso coração, o mais profundo da nossa alma! Senhor, de joelhos, como o leproso do Evangelho, te suplicamos: cura-nos e seremos curados! Dá-nos a graça de reconhecer nossos pecados; dá-nos a coragem e sinceridade de confessá-los; dá-nos a graça de experimentar teu perdão, de cumprir generosamente a penitência e de procurar com responsabilidade emendar a nossa vida! Tem piedade de nós, ó Autor da graça e Doador do perdão! A ti a glória para sempre!



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

HOMILIA DO V DOMINGO DO TEMPO COMUM DO ANO B DO DIA 08/02/2015

JESUS CUROU A SOGRA DE PEDRO.

Primeira Leitura Jó 7,1-4,6-7.
Salmo 146(147).
Segunda Leitura 1ª Coríntios 9,16-19.22-23.
Evangelho Marcos 1,29-39.
VOCÊ JÁ REZOU HOJE?


Prezados irmãos e irmãs em Cristo Jesus. A liturgia desse domingo nos revela que através do sofrimento nós nos aproximamos de Deus. Por outro lado, esse mesmo Deus está sempre empenhado em nos libertar do desconforto, causado pela doença assim como pelos pecados. Aí de mim se não pregar o evangelho! Vamos nos deter em alguns versículos da primeira epístola de Paulo aos Coríntios proposta como segunda leitura deste domingo. Paulo fala de sua incumbência de ser pregador do evangelho. Estamos diante de um homem vestido da convicção de que sua vida será proclamar pela palavra e pela vida a Boa Nova que tem um nome bem preciso: Jesus Cristo, o Senhor, o Ressuscitado que invadira a vida de Paulo no caminho de Damasco. “Pregar o evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade para mim, uma imposição. Ai de mim se não pregar o evangelho!” Quantas vezes já ouvimos essa palavra, esse termo que vem do grego, evangelho, que significa boa nova. Deveríamos aqui escrever com maiúscula: Evangelho. Força, dinamismo, energia… tudo isso por detrás de um homem que, depois de passar pelos tormentos da condenação e do abandono na cruz, ressuscitou para inaugurar um mundo novo. Esse Jesus que hoje está no Pai e ao mesmo tempo percorre os caminhos da humanidade como já fazia no primeiro dia da semana indo de Jerusalém para Emaús… Ele é o Evangelho. Ele continua convocando, chamando, olhando nos olhos das pessoas para que deixem os telônios, desçam das árvores, abandonem os seus pequenos e mesquinhos interesses e o sigam pelas trilhas da libertação do próprio ego, pelos caminhos de uma vida transparente, generosa, devotada ao outro, uma vida de amor, uma vida viçosa que nasce da morte do grão de trigo. Crianças, jovens, casados, idosos, pessoas com saúde e outras doentes precisam ouvir a Boa Nova. Por isso, os pregadores são importantes. Pregadores do Senhor e não de si mesmos. Servos do Evangelho e não pessoas que falam por falar. Ai de mim, dirá Paulo, se não evangelizar. O apóstolo se deu conta que sua existência seria toda em função desse empenho de atingir o mais íntimo de cada pessoa e fazer com que elas compreendam o que significa ter uma paixão por Cristo. Imagino a imensa paz e felicidade de um sacerdote segundo o coração de Deus, de um pai e de uma mãe de família vestidos do Evangelho e evangelizando. Felizes aqueles que fazem de sua vida devotamento pelo Evangelho, por Cristo que quer, através de seu ministério atingir vidas e transformar existências. São João Crisóstomo, um dos maiores padres da Igreja, assim escreve a respeito de Paulo: “Realmente no meio das insídias dos inimigos, conquistava contínuas vitórias, triunfando de todos os seus assaltos. E, em toda parte, flagelado, coberto de injúrias e maldições, como se desfilasse num cortejo triunfal, erguendo numerosos troféus, gloriava-se e dava graças a Deus (…). Corria ao encontro das humilhações e das ofensas que suportava por causa da pregação, com mais entusiasmo do que nós quando nos apressamos para alcançar o prazer das honrarias; aspirava mais pela morte do que nós pela vida; ansiava mais pela pobreza do que nós pelas riquezas; e desejava muito mais o trabalho sem descanso do que nós o descanso depois do trabalho. Uma só coisa o amedrontava e fazia temer: ofender a Deus. E uma única coisa desejava: agradar a Deus” (Liturgia das horas III, p. 1209). Não é por ai que começa a nova evangelização?

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

HOMILIA DO IV DOMINGO DO TEMPO COMUM DO ANO DIA 01/02/2015.

Jesus ensinava como quem tem autoridade.

Primeira Leitura Deuteronômio 18,15-20.
Salmo 94(95).
Segunda Leitura 1ªCorintios  7,32-35.
Evangelho Marcos 1,21-28.

“Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como que tem autoridade, e não como os mestres da lei”.

Dos que se casam e dos que não se casam. Somos convidados a viver em profunda intimidade com o Senhor. A partir do momento em que tivemos a absoluta certeza de que o Ressuscitado nos chama para o seu seguimento quis, e continuamos querendo, levar a sério nossa vida cristã. Casados ou solteiros temos a peito esse seguimento do Senhor. Na epístola proclamada na liturgia de hoje Paulo fala das “preocupações” do seguidor de Cristo. Coloca o tema vivido pelos que se casam e pelos que não se casam. “Eu gostaria que estivésseis livres de preocupações. O homem não casado está mais solícito pelas coisas do Senhor. O casado preocupa-se com as coisas do mundo, e procura agradar à sua mulher ou ao seu marido e, assim está dividido. Do mesmo modo, a mulher não casada e a jovem solteira têm zelo pelas coisas do Senhor e procuram ser santas de corpo e de espírito. Mas a que se casou preocupa-se com as coisas do mundo e procura agradar seu marido”. Estas poucas linhas de Paulo não são fáceis de serem interpretadas. A impressão que se tem é que ele privilegiaria a vida de consagração a Deus no estado da vida de virgindade. Paulo, por vezes, acredita que o tempo do fim esteja próximo. Então, o que importa é ocupar-se do Senhor. Talvez, em parte, por esta razão essa preferência pelo não casamento. As pessoas teriam menos preocupações. É preciso entender bem essa “preferência” pelo estado virginal. Podemos muito bem imaginar um casal cristão, vivendo a intimidade da união de seus corações e de seus corpos, no seio de uma família com filhos, da vida social e profissional completamente consagrado e de dedicado a Deus. Vivendo no meio do mundo esses cristãos casados não absolutizam dinheiro, prestigio sexo e casamento, mas vivem tudo sob a ótica do discernimento e do bom senso. Não é simplesmente por causa do casamento que deixarão de estar com Deus, privar de sua intimidade, viver sob o bafejo de seu amor na vida conjugal e familiar. Pode ser que, algumas vezes, as preocupações pelas coisas da terra e as vaidades impeçam uma maior união com o Senhor. Isso depende de cada casal e de cada pessoa. Há pessoas que não se casam, e nem por isso se ocupam das coisas do Senhor. Paulo dá a entender que as pessoas que não se casam podem ser mais livres para o Senhor. Desde os tempos apostólicos houve os que resolveram não se casar. Experimentaram uma forte vontade de serem totalmente do Senhor e foram reservando seu tempo, sua história, suas energias mais preciosas para o Senhor. Santo Antão, nos primeiros séculos, inventou um gênero de vida marcado pela oração, jejuns, ascese, pobreza e consagração virginal ao Senhor. Este estilo de vida ainda é seguido hoje. Há os que não se casam, não por rejeitarem o matrimônio, mas porque querem ter como única preocupação as coisas do Senhor… Essas pessoas para serem significativas terão vida de intimidade total com o Senhor, farão suas as preocupações de seu Mestre e vão se esvaziando de si mesmas. Paulo conclui: “O que eu desejo é levar-vos ao que é melhor, permanecendo junto ao Senhor, sem outras preocupações”. Será que os cuidados da casa, do casamento, da família nos distanciam do Senhor? Como vemos a vida religiosa em nossos dias?

sábado, 24 de janeiro de 2015

HOMILIA DO III DOMINGO DO TEMPO COMUM DO ANO B DIA 25/01/15.


Primeira leitura Jonas 3,1-5.10.
Salmo 24.
Segunda Leitura  1ªCorintios  7,29-31.
Evangelho de marcoe 1,14-20.

 “SEGUI-ME E EU FAREI DE VÓS PESCADORES DE HOMENS.”.

Convertei-vos e crede no Evangelho!...  Irmãos. É isso que precisamos dizer ao mundo de hoje.  Porque é essa a frase que todos precisam ouvir!  Deus, ao nos criar, quis também fazer parte da nossa vida! Ele não nos criou para sermos meros viventes, fomos criados para relacionar com Ele e esta relação amorosa, se faz por meio de Jesus! No nosso encontro com Jesus, descortina-se diante de nós, um novo horizonte ampliando a nossa visão, nos fazendo enxergar  possibilidades que antes não víamos! O evangelho que a liturgia deste domingo nos apresenta, narra os primeiros passos da vida pública de Jesus, o que aconteceu num momento conflituoso, logo após a prisão de João Batista. Ao contrário do que muitos pensavam a prisão de João Batista não intimidou Jesus, pelo contrário, o encorajou ainda mais! A prisão de João Batista, ao mesmo tempo em que marcou um tempo de grandes turbulências, marcou também, o início de um tempo novo, as promessas de Deus, começam a se cumprirem com a entrada de Jesus no coração da humanidade!  “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no evangelho.” Com estas palavras, Jesus se apresenta como sendo Ele a presença do Reino, Ele é o Reino de Deus!  Para fazer parte deste Reino, ou seja: da vida de Jesus, só nos é exigida uma condição: a conversão do coração! Sem uma mudança radical de vida, não tem como pertencer a este Reino, que é um reino de amor de Paz e de justiça! Graças ao testemunho de João, Jesus não entra na história como um simples forasteiro, o povo já sabia que Ele era o enviado de Deus, o Messias anunciado pelos profetas! Constata-se a partir daí, um tempo de graça, a palavra de Deus começa a ganhar vida nas ações vivificantes de Jesus! Se quisesse, Jesus poderia realizar as obras do Pai, sozinho, mas Ele quis contar com um  pequeno grupo de pessoas que participando diretamente do seu cotidiano, presenciando os seus feitos, poderiam mais tarde dar testemunho Dele.  Para formar este grupo, que recebera o nome de Apóstolos, (enviados), Jesus não vai atrás de pessoas letradas, as suas primeiras escolhas, paira sobre os pescadores, homens simples, porém corajosos, trabalhadores, acostumados com os desafios de buscar o sustento de cada dia, nas profundezas do mar, às vezes em revolto!  Mediante o chamado de Jesus, estes pescadores, não hesitaram  em  deixar  tudo  para seguir Jesus! De pescadores de peixes, eles passam a ser pescadores de homens, dispostos a lançar suas redes nas profundezas do mar humano!  Graças ao testemunho desta pequena comunidade fundada por Jesus, a mensagem salvífica de Jesus continua ecoando no coração da humanidade, de geração em geração! Hoje, somos nós, os convocados a dar continuidade ao projeto de Deus, nos tornando presença viva de Jesus em meio aos conflitos! É urgente a necessidade de homens e mulheres corajosos, dispostos a lançar suas redes em águas mais profundas, a devolver a esperança aos corações desesperançados!  É apontando Jesus ao outro, abrindo caminho, construindo ponte entre irmãos que daremos testemunho de Jesus, sendo sal e luz do mundo, como Ele mesmo afirma que o somos. Mt 5,13-14. A caminhada de um verdadeiro seguidor de Jesus  é árdua, pois nela está presente  cruz, mas a certeza  da presença contínua de Jesus junto dele,  o motiva,  o faz confiar no êxito da sua missão! Mais importante do que ser Cristão, é ser discípulo de Jesus, pois o discípulo, não somente crê em Jesus, ele torna-se íntimo Dele, um seu aprendiz! A convivência com Jesus transforma a vida discípulo, o inquieta, o faz   ter pressa de levar ao outro o que aprendeu do Mestre. Deus quer salvar a humanidade convocando cada um de nós para uma missão, Ele quer contar com a nossa disposição, com o nosso serviço na construção de um mundo melhor, ser indiferente ao chamado de Jesus, é ignorar o projeto de Deus que tem como prioridade, a vida!